quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A MENTORIA DE TIM TONES NA PRÁTICA – DE UM ESPETÁCULO A UMA REALIDADE NAS IGREJAS

A imagem do vídeo abaixo é ruim, mas o som está bom; o pior neste vídeo é perceber que brincando e criticando o segmento evangélico, Chico Anysio, prefigurou a nossa tragédia como igreja evangélica brasileira. Na época era mesmo muita sátira, hoje, vemos a mentoria do Tim Tones em nossas igrejas. Observei algumas identificações:

  1. Uma multidão que celebra o culto à personalidade, cada um quer ser o mais importante neste “reino terreno”, para receber o calor da platéia;
  2. A maneira descarada de enganar o povo em nome de Deus, e a tentativa de mediar entre o homem e Deus (a cobertura espiritual de Tim Tones);
  3. O engano da intimidade com Deus, já ouvi de certo “profeta” que Deus ligava para ele no celular e lhe dava recados para a platéia;
  4. A tirania da “passada da sacolinha” também é mortal;
  5. A venda dos artigos religiosos, o “aerosol espanta satanás” do Tim Tones tem se multiplicado em nossos dias;
  6. A prosperidade como “o bem maior”, fica evidente no quadro do Tim, e mais evidente ainda em nossas igrejas;
  7. A bênção pelo mérito da oferta dispendiosa era a base teológica do Tim, e é a mesma dos “Tins” da vida real.


A história do verdadeiro Tim Jones, que criou uma seita denominada “Templo dos Povos” na selva da Guiana, cujo desfecho final foi o suicido coletivo de mais de 900 pessoas, demonstram em que pode acabar um auditório e um maluco no púlpito.


O Chico Anysio não brincou com a tragédia do Tim Jones, ele brincou com a realidade do povo evangélico brasileiro. Mas se diferente somos daquela tragédia, não é por não termos 900 corpos que sucumbiram com cianureto; pois veneno mais latente, é o veneno da descaracterização do Evangelho, pois, se não há Evangelho, não há boa notícia, e não havendo as boas novas do Evangelho, só nos resta a má notícia: ESTAMOS TODOS ENVENENADO PELO CIANURETO DA MENTORIA DE UM TAL “TIM TONES”, QUE SE TORNOU REALIDADE EM NOSSO MEIO.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

UM GRANDE CIRCO CHAMADO ‘IGREJA’


Quando era menino ia sempre ao circo, gostava de cada espetáculo oferecido, demorei me cansar e perceber que os espetáculos eram repetição do repertório a cada show. Continuei indo ao circo, agora com minhas filhas, no início era uma festa, depois como eu, descobriram que tudo era uma mera repetição. Paramos de ir. É tudo a mesma coisa, repetição e nada mais. Um espetáculo, mas repetido.
Agora quando entro numa igreja, (nem todas é claro), tenho a sensação de ouvir o dirigente do culto anunciar: “respeitável público vai começar o maior espetáculo da terra, venham, se achegam, o culto vai começar”.
E logo vejo os ministros de louvor com seu malabarismo envolvente. Luzes, fumaça, bailarinas se retorcendo e um frenesi imensurável, um show, um verdadeiro espetáculo.
E o mágico! Esse é fantástico. Usando todo o seu poder de sedução consegue fazer sumir o dinheiro do bolso da platéia e aparecer dentro de uma caixa previamente preparada que fica a frente do grande picadeiro.
O palhaço é uma graça. Ele chega vestido de deputado (terno e gravata), e tudo o que ele diz é aplaudido e em grandes gargalhadas é consumido. É passinhos imitando o rei do pop, tom de voz imitando outros “palhaços famosos” que arrastam multidões ao grande circo. É besteirol em cima de besteirol. Tudo devidamente programado para que o povo possa se alegrar, afinal, a platéia foi ali para se divertir. Nada de palavras que causem choro, gemidos de arrependimento, mudança de vida, retorno. Nada disso. O povo precisa se divertir e vieram ao lugar certo, ao Grande Circo da Fé – que popularmente se chama igreja.
Um amigo meu segregou aos meus ouvidos uma revelação de um famoso apóstolo que afirma que esta é a geração da transformação da igreja. Não sou contra a transformação da igreja. Ela precisa mesmo de ser transformada. Mas precisava ser num CIRCO???

sábado, 6 de fevereiro de 2010

REGIS DANESE NÃO ENTENDEU A MENSAGEM DE ZAQUEU


A música do Regis Danese “faz um milagre em mim”, foi vendida e cantada por milhões de fiéis em todas as igrejas brasileira, independente da ‘marca’. A idéia do compositor era contar a história de Zaqueu (Lucas 19). Alguns irmãos me perguntaram o que achava desta música, respondi que era bonita, fácil de cantar, mas sua letra não condizia com o texto na qual o compositor havia proposto a cantar. E foi aí que vieram as perguntas, e não querendo escandalizar os ‘levitas’ desviei delas, até que agora decidi abrir a boca.
Eu não ouço música evangélica, só porque é evangélica. Eu ouço qualquer música, desde que tenha qualidade. Sou eclético. Mundano para alguns. Mas a verdade é que, se queremos com uma música refletir em um texto bíblico, sendo esta música um sermão, embora cantado é uma mensagem, ela precisa ser ao menos coerente com o texto que a inspirou. Faço aqui algumas observações na música do Regis, é minha opinião, e não fecho a questão, ela está aberta a discussões e a outras opiniões. Vejamos:
“Como Zaqueu eu quero subir,
O mais alto que eu puder.
Só pra te ver, olhar para Ti,
E chamar sua atenção para mim,”
O Regis começa pecando na letra quando ele interpreta o motivo que levou Zaqueu a subir naquela árvore. Zaqueu não subiu na árvore para chamar a atenção de Jesus. Ele subiu na árvore devido a sua “pequena estatura”. (v. 3)
O meu problema com a música do Regis é porque ele coloca a salvação de Zaqueu depender de sua atitude, tipo: subir na árvore para chamar a atenção. E este é o entendimento do Regis. Ele começa afirmando que vai subir “o mais alto que eu puder”. Em outras palavras, vou me esforçar no máximo. E porque tanto esforço? Ver Jesus, e chamar a atenção de Jesus. Isso é tipicamente religioso, mas não é bíblico, nem condiz com o pensamento dos Evangelhos.
A religião vive nos fazendo subir em árvores. Uma volta ao primitivismo da evolução (quem sabe?). Ela vive nos colocando no picadeiro de um grande circo, chamado igreja, onde ficamos fazendo todo tipo de espetáculo para ver se Cristo, olha para nós. É cada um se esforçando no que pode. Cada um querendo ver se atrai os olhos complacentes de Cristo. Pura ilusão. Idiotice da religião e seus gurus.
Se Cristo tivesse achado fenomenal o fato de Zaqueu estar em cima da árvore ele não teria dito: “desce depressa” (v. 5). E se Zaqueu tivesse subido na árvore com o propósito de fazer os olhos do Todo-poderoso se dirigir a ele, não teria apressado em descer (v. 6). Se Zaqueu tivesse pensado como Regis e sua legião, teria tido: “Não, Senhor, não posso descer, minha idéia funcionou, eu consegui mover teu olhar, eu sei mover teus olhos, o segredo é subir bem alto, ‘o mais alto que eu puder’”.
Mas a Bíblia diz que Zaqueu desceu depressa, e não desceu porque tinha conseguido atrair o olhar de Cristo, desceu porque foi chamado por Cristo. Mas se Cristo olhou para Zaqueu não foi pela posição privilegiada dele em relação a multidão. É que Cristo viu em Zaqueu um pecador dependente de salvação e ele não estava passando por ali por acaso. Ele tinha um propósito salvador para Zaqueu. O pecador intimado pela voz irresistível do Espírito Santo, jamais fica na posição em que sua idéia adâmica o impeliu, ele desce e compreende que é aqui no chão, aos pés do mestre que Cristo faz a mudança tão significativa na vida dele.
Zaqueu subiu sim na árvore, porque era de pequena estatura. Mas Zaqueu não convidou Cristo para entrar em sua casa. O texto disse que foi Cristo que se ofereceu a entrar na casa de Zaqueu: “hoje me convêm pousar em tua casa” (v.5). E Zaqueu “desceu e o recebeu alegremente” (v.6).
Irmãos, todo a mudança na vida de Zaqueu foi ocasionada pelo “DESCER” e não pelo “SUBIR”.
Toda mudança na vida de Zaqueu foi provocada pela iniciativa de Cristo em querer entrar na casa de Zaqueu. Cristo se ofereceu primeiro. Cristo quis salvar Zaqueu.
Zaqueu só tomou iniciativa baseado em sua vida natural. Ouviu falar de Jesus, ficou curioso, não se atreveu a romper a multidão, não arriscou perdê-lo de vista, subiu na árvore impelido pela sua pequena estatura. Tudo isso é do homem natural. Ele usa recursos naturais para ver se de algum modo atrai o olhar da divindade. É uma tentativa. Apenas isso e nada mais.
Zaqueu só foi transformado porque Cristo mandou ele descer e decidiu entrar em sua vida e em sua casa. Sem o ‘me convêm’ de Cristo, você pode esforçar e subir até aonde você agüentar, nada vai mudar, milagre não virá. Mas quando a doce e poderoso voz de Cristo for dirigida a você dizendo “desça”, você descerá e receberá com alegria aquele que virá trazer salvação em tua casa.
A música do Regis é bonita e fácil de cantar, mas infelizmente, ele não entendeu a mensagem de Zaqueu para nos hoje. E o “descer” e não o “subir” que está evidenciado no texto. A vida de Zaqueu está dividida em “subir” e “descer”. Enquanto Zaqueu subiu ele continuou o mesmo homem, mas depois que ele desceu sua vida foi mudada, houve um mexer de estrutura, houve o milagre da transformação.
Regis, que tal cantarmos “como zaqueu quero descer”?