O arminianismo, seja ele
wesleyano ou evangélico ou mesmo o arminianismo do século XVII, ensina o
sinergismo, ou seja, a cooperação do homem com Deus, em sua salvação. A
iniciativa da salvação parte de Deus, mas depende do próprio homem – de sua fé,
obediência e perseverança, ser salvo ou não. Nesta concepção a eleição é o
resultado da fé do ser humano. As dificuldades desta teoria são:
1). Ela faz do homem o autor da eleição – Ao
ensinar que Deus elege aqueles que ele previu que iriam crer e obedecer até ao
fim, eles estão invertendo a ordem da doutrina da eleição, em vez de ser Deus
quem elege o homem, o homem é quem elege Deus, pois segundo sua interpretação
Deus só escolhe aqueles que primeiro o escolheram. No entanto Cristo disse: “Não fostes vós que me escolhestes a mim;
pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo 15.16).
2). Nega a onipotência de Deus – Se a eleição se baseia na
presciência de Deus em saber quem iria crer ou não crer, então Deus preparou
seus planos de acordo com o que a casualidade determinaria, ficando Deus refém
de uma força abstrata, que determina o que vai ou não acontecer, neste caso
Deus é onisciente, porém jamais onipotente.
3). Inverte a ordem bíblica, considerando como causa o que
realmente é consequência – A Bíblia não ensina que fomos eleitos por
causa da nossa fé, mas ensina que temos fé porque fomos eleitos. A eleição não
se baseia numa fé prevista, porque a fé é um dom de Deus (Ef 2.8,9), e em Atos
13.48 está escrito “E creram todos os que
haviam sido destinados para na a vida eterna”. O que veio primeiro não foi à
fé, mas a eleição, pois só puderam crer aqueles que “haviam sido destinados
para a vida eterna”. O homem nunca é tido como o autor da fé, mas a fé sempre
depende de Cristo, pois Ele e só Ele é chamado de “Autor e Consumador da fé
“(Hb 12.2). Assim vemos que a fé não é a causa da eleição, mas a consequência
dela.
4). Dá ao homem o direito de jactar-se de sua salvação – Samuel
Falcão em seu livro “Predestinação” cita Wesley dizendo: “A Escritura nos diz
claramente o que é predestinação: é Deus designar de antemão para a salvação os
crentes obedientes, não sem conhecer antecipadamente todas as obras deles” (grifo
nosso).
Esta declaração de Wesley é uma
apologia à salvação pelas obras, e não pela graça. Se Deus salva baseado na
obediência do crente, onde está a graça? Neste caso os eleitos tem o direito de
vangloriar-se diante dos não eleitos. Mas o que diz as Escrituras? Paulo
escreve dizendo: “Pela graça sois salvos
mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das
obras para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9). Ainda mais as Escrituras
ensinam que nenhuma criatura tem o direito de gloriar-se diante de Deus (1 Co
1.26-31; Dt 8.16,17; Jz 7.2; 2 Co 4.7). A Bíblia ainda mostra que Deus, ao
invés de salvar os bons e os obedientes ele tem salvado mais os piores
pecadores de modo a revelar as riquezas da sua graça (veja Rm 5.20; 1 Tm
1.15-16). Finalmente podemos acrescentar se os homens são salvos por causa de
suas obras previstas, o louvor pertence a eles e não a Deus, ou no mínimo Deus
divide com eles sua honra e sua glória, o que é estranhíssimo ao ensino
bíblico.
5). Não garante segurança de salvação aos eleitos – Ao
ensinarem que a eleição ocorre no tempo e não na eternidade, estão ensinando
que ninguém será realmente eleito enquanto estiver vivo, porque a eleição
depende da obediência do indivíduo, e este indivíduo poderá decair da fé e da
obediência, ou seja, pode estar eleito hoje e não amanhã. Nas palavras do Dr.
Raymond Miner, citado por Samuel Falcão, “até que o período de prova termine, o
destino final é contingente, incerto”. Este ensino é no mínimo absurdo e
desesperador. Uma pessoa pode ser eleita muitas vezes, pela vida a fora, e no
último momento da vida pode perder a fé e ficar condenado eternamente, apesar
de ter sido eleita várias ou muitas vezes antes. Esta eleição é de fato contingente
e incerta, pois depende do homem. Porém o ensino bíblico é bem diferente. Somos
eleitos na eternidade e de uma vez para sempre e não estamos sujeitos a perder
nossa eleição, pois quem nos elegeu foi Deus. Jesus é quem nos afirma esta
segurança: “Eu lhes dou a vida eterna... e
ninguém poderá arrancá-las da minha mão” (Jo 10.28), e acerca do poder do
Pai diz: “... e ninguém pode arrancá-las
da mão dele” (Jo 10.29).
Eleição para a salvação é eleição
para a vida eterna. Se for eleito para a vida eterna e pode cair no dia
seguinte e não vir mais a ser eleito, então de fato esta vida eterna, não é
eterna. Se ninguém pode ter certeza de sua eleição, então quão desesperadora é
a mensagem arminiana acerca da segurança que Cristo dá! Os arminianos
contradizem e negam toda a esperança e segurança da mensagem das boas-novas em
Cristo Jesus.