sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

ADÃO E EVA COMO PARÁBOLA

Alguns teólogos tem procurado conciliar a história de Adão e Eva com a Teoria da Evolução.

Teilhard de Chardin foi um padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês que logrou construir uma visão integradora entre ciência e teologia. Através de suas obras, legou-nos uma filosofia que reconcilia a ciência do mundo material com as forças sagradas do divino e sua teologia. Disposto a desfazer o mal entendido entre a ciência e a religião, conseguiu ser mal visto pelos representantes de ambas. Muitos colegas cientistas negaram o valor científico de sua obra, acusando-a de vir carregada de um misticismo e de uma linguagem estranha à ciência. Do lado da Igreja Católica, por sua vez, foi proibido de lecionar, de publicar suas obras teológicas e submetido a um quase exílio na China.

"Aparentemente, a Terra Moderna nasceu de um movimento anti-religioso. O Homem bastando-se a si mesmo. A Razão substituindo-se à Crença. Nossa geração e as duas precedentes quase só ouviram falar de conflito entre Fé e Ciência. A tal ponto que pôde parecer, a certa altura, que esta era decididamente chamada a tomar o lugar daquela. Ora, à medida que a tensão se prolonga, é visivelmente sob uma forma muito diferente de equilíbrio – não eliminação, nem dualidade, mas síntese – que parece haver de se resolver o conflito."

O Padre Ariel Álvarez Valdez sustenta que trata-se de uma parábola composta por um catequista hebreu, a quem os estudiosos chamam de “yahvista”, escrita no século X AC, que não pretendia dar uma explicação científica sobre a origem do homem, mas sim fornecer uma interpretação religiosa, e elegeu esta narração na qual cada um dos detalhes tem uma mensagem religiosa, segundo a mentalidade daquela época.

John F. Haught, filósofo americano criador do conceito de Teologia evolucionista, diz que "o retrato da vida proposto por Darwin constitui um convite para que ampliemos e aprofundemos nossa percepção do divino. A compreensão de Deus que muitos e muitas de nós adquirimos em nossa formação religiosa inicial não é grande o suficiente para incorporar a biologia e a cosmologia evolucionistas contemporâneas. Além disso, o benigno designer [projetista] divino da teologia natural tradicional não leva em consideração, como o próprio Darwin observou, os acidentes, a aleatoriedade e o patente desperdício presentes no processo da vida”, e que “Uma teologia da evolução, por outro lado, percebe todas as características perturbadoras contidas na explicação evolucionista da vida”, sobre as idéias de Richard Dawkins, Haught declara que: “A crítica da crença teísta feita por Dawkins se equipara, ponto por ponto, ao fundamentalismo que ele está tentando eliminar”

Ilia Delio, teóloga americana, sustenta que a teologia pode “tirar proveito” das aquisições de uma ciência que vê na “mutação” o núcleo essencial da matéria.

O Rabino Nilton Bonder sustenta que: "a Bíblia não tem pretensões de ser um manual eterno da ciência, e sim da consciência. Sua grande revelação não é como funciona o Universo e a realidade, mas como se dá a interação entre criatura e Criador".

1. ↑ Adão e Eva: origem ou parábola?, acessado em 07 de janeiro de 2011

2. ↑ Entrevista com John F. Haught: Uma teologia da evolução precisa mostrar que a fé bíblica não contradiz o caráter evolutivo do mundo, acessado em 07 de janeiro de 2011

3. ↑ Fé e evolução, binômio possível, traduzido a partir de entrevista publicada em 23 de agosto de 2008, acessado em 07 de janeiro de 2011

4. ↑ Darwin e heresias, publicado no jornal O Globo de 03 de março de 2009, acessado em 07 de janeiro de 2011


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