A descrença só é possível onde à crença estabeleceu regras. Se não há crença não há possibilidade nenhuma de descrença. Se o cristianismo morrer, morre com ele o ateísmo, pois se o conjunto de crença cai em desuso, à descrença deixa de ser interessante, e até excitante, e em pouco tempo perde completamente seu sentido. E neste entendimento cristianismo e ateísmo estão em declínio.
Os antigos pagãos estavam certos ao estremecer diante da assustadora determinação dos primeiros cristãos. Nenhuma das religiões que abundavam no mundo antigo pretendia o que os cristãos afirmavam — que todas as outras crenças estavam erradas. Quando os cristãos insistiam em que apenas eles possuíam a verdade, condenavam a extravagante abundância do mundo pagão à danação final.
Num mundo de muitos deuses, a descrença nunca pode ser total. Pode apenas significar a rejeição de um deus e a aceitação de outro.
Ao sustentar que existe apenas uma única fé verdadeira, o Cristianismo, deu à verdade um valor supremo que não tinha tido antes. E também tornou possível, pela primeira vez, a descrença no divino.
O ateísmo, portanto, é o efeito retardado da fé cristã.
O autor do texto em foco deve ser parabenizado, haja vista que em poucas e boas palavras trouxe à luz o "Substractum" de um argumento onde quaisquer refutações tornar-se-ão inadequadas.
ResponderExcluirExcelente! Parabéns ao autor.
ResponderExcluir