Hoje
existem centenas de Igrejas Evangélicas que estão ensinando entre seus membros
ou aos que se aproximam de suas comunidades a “cura de gerações” geralmente
chamada de “maldições hereditárias”, seus progenitores alegam que esta é uma
doutrina cristã, na verdade não é como veremos ao longo do texto.
Esta crença e prática supersticiosa é basicamente oriundas das
seitas neopentecostais, também designada como o evangelho da maldição ou quebra
de maldições, maldições hereditárias, maldição de família e pecado de geração.
No Brasil a crença tem origem com a “Igreja” Renascer em Cristo e também na
seita de Edir Macedo, que foram sendo espalhada para outras igrejas do segmento
neopentecostais, pentecostais e até algumas igrejas renovadas.
Esta falsa doutrina que é produto de um moderno misticismo
supersticioso, é aparentemente conciliável com a concepção de “carma” ou
“karma” no budismo oriental. Para entendermos o que representa esta “aberração
doutrinaria” ela corresponde em síntese a:
Um mal invisível, cujo homem não vê e que pode ter atingido ou
atingir qualquer ser humano por intermédio do que eles denominam de “espíritos
familiares”, transmitido durante séculos pela linhagem sanguínea e por
influência destes mesmos “espíritos” que exercem algum “poder” ou “magia” -
como alegam os progenitores desta falsa doutrina -, com aflições espirituais e
corporais sob os que a possuem, até que tal “maldição” seja quebrada através de
libertações geralmente produzidas por pastores da mesma linhagem doutrinária.
A expressão “espíritos familiares” usada acima é utilizada
arbitrariamente pelos pregadores de tal crença para justificá-la biblicamente,
o termo é retirado de citações do Antigo Testamento, como (Levítico 19.31); na
versão bíblica “King James” tradução produzida pela Igreja Anglicana.
Tal expressão designa “entidades”, “demônios” e “anjos decaídos”
que exercem nos adivinhos a atividade da comunicação com os mortos e com os
cristãos atuando na condução dos mesmos no âmbito de suas inclinações
emocionais, sentimentais, carnais e físicas ao pecado. A palavra “familiares”
no plural é utilizada para complementar a denominação destes “espíritos” pelo
fato destes, como alegam os pregadores desta crença, terem forte influência e
pendurarem em gerações de famílias humanas com seus planos nefastos.
É completamente descabida esta argumentação, a versão “King
James” inglesa da Bíblia, não é uma das melhores traduções bíblicas como
seguram muitos cristãos. A tradução produzida por São Jerônimo nos séculos IV e
V, que chamada de Vulgata Latina, ocupou a reflexão da Igreja por séculos e os
textos latinos nada mencionam o termo “espíritos familiares” assim como as
versões católicas recentes não aludem. Bem como a NVI, considerada uma das
melhores traduções produzida por tradutores e exegetas de cunho protestante e
evangélico desconhece tal termo traduzindo apenas por “... médiuns,... espíritas.”
Assim forjar textos e procurar traduções cômodas para justificar conceitos e “doutrinas” não traduz princípios básicos de hermenêutica é pura picaretagem moderna. Essa versão não repercute nem induz qualquer afirmação da existência de “espíritos familiares” quando traduzido nem para a língua latina e nem tampouco para a língua portuguesa.
Assim forjar textos e procurar traduções cômodas para justificar conceitos e “doutrinas” não traduz princípios básicos de hermenêutica é pura picaretagem moderna. Essa versão não repercute nem induz qualquer afirmação da existência de “espíritos familiares” quando traduzido nem para a língua latina e nem tampouco para a língua portuguesa.
Pode surgir a pergunta: as Sagradas Escrituras dão embasamento
para afirmar que os cristãos podem estar de alguma forma sob o jugo de
maldições ancestrais ou qualquer tipo de crença parecida?
A resposta é não. Isto nunca foi parte da pregação apostólica e
nem encontra fundamento nos textos bíblicos. Os Pais da Igreja nunca
mencionaram tal crença entre os cristãos no decorrer dos cinco primeiros
séculos. Aliás, os textos bíblicos refutam qualquer possibilidade de “gerações”
levarem ou trazerem qualquer peso, mancha ou maldições ou ainda os pecados de
seus pais. Vejamos o que diz o profeta Ezequiel:
“Contudo perguntais: Por que não levará o filho a maldade do pai?
Porque o filho fez justiça e juízo, guardou todos os meus estatutos, e os
praticou, por isso certamente viverá. A alma que pecar, essa morrerá. O filho
não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho. A justiça do
justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele”.
(Ez 18,19-20).
Há outros textos e citações (Dt 24,16; Jr 31,30; Ez 18, 2-4; Ex
18,4; 20, 5-6; Lv 19, 17) que fazem oposição a qualquer afirmação que alude a
esta crença supersticiosa oriunda do neopentecostalismo. Não existe compatibilidade
desta crendice com a “Sã doutrina”. Boas considerações a respeito do pecado, o
perdão de Deus, a regeneração do ser humano que o torna filho de Deus,
trazendo-o ao convívio com a graça de Deus, que nos liberta do pecado, e nos
incorpora em Cristo acabam por aniquilar qualquer possibilidade de “maldição
hereditária”.
“Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar
de toda injustiça” (I Jo 1,9), ou seja, ele não leva em conta as “faltas dos
pais sobre os filhos” como podemos ler acima. Como então estas supostas faltas
ou maldições e até perseguições demoníacas poderiam ligar-se a gerações
inteiras de pessoas, por conta de parentes de séculos atrás que erraram ou
foram amaldiçoados? É absurdo, logicamente improvável, não existem brechas para
invenções do tipo.
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