A pós-modernidade atingiu em cheio todas as religiões, e a religião cristã não ficou imune a este novo espírito de época. Mas notamos esta influência de forma mais forte entre o movimento evangélico. Aqui, a religião tornou-se um item de consumo. As propostas cristãs foram se transformando em mercadorias que podem ser compradas ou rejeitadas de acordo com os caprichos ou gostos consumistas de cada um. As lideranças, especialmente alguns pastores, bispos e apóstolos, sucumbiram à sedução da tirania das imagens que passaram a serem usadas para seduzir as pessoas, especialmente as mais vulneráveis. Desta forma, em vez de pregadores, ministros da Palavra, tornaram-se profissionais do espetáculo e se utilizam disso para vender suas mercadorias religiosas e seus "kits de salvação", enchendo seus bolsos.
O culto foi transformado em espetáculo no qual alguns fazem o show e os ‘fiéis’ viram plateia. Gilberto Dupas, citando Debord, em seu livro “Ética e Poder na Sociedade da Informação” (São Paulo: Unesp, 2011), explica o que é esse espetáculo litúrgico “...o espetáculo é a reconstrução material da fantasia religiosa, a realização técnica do exílio, a cisão consumada do interior do homem. O espetáculo funciona ‘quase como uma forma de reconstrução material da ilusão religiosa. Ela já não remete para o céu, mas abriga dentro de si sua recusa absoluta, seu paraíso ilusório" (p. 52).
Este espetáculo faz da Igreja Evangélica Brasileira um circo. Quando certos pastores, viram palhaços, "cuspidores de fogo na Igreja", transformam cultos em shows. Buscam na verdade minutos de glória fugaz para si, tratam a assembleia dos fiéis como uma massa de dementes. Com isso causam a alienação do fiel, o qual vira um mero expectador, levando-o a não mais participar plena e ativamente das celebrações e nem compreender e assumir a própria existência: a ser apenas um repetidor mecânico dos gestos de um pastor animador de programa de auditório. Com isso o pregador pop star não "remete as pessoas para o céu", mas as empurra para um "paraíso ilusório" revestido de pura fantasia.
Esta Igreja-espetáculo traz em si as seguintes fraquezas:
1. Infantilidade: Uma igreja infantil formada por "crianças" que são jogadas para cá e para lá pela artimanha de pregadores astutos.
2. Superticiosidade: as pessoas passam a acreditar em qualquer coisa, a multiplicar objetos e kits de salvação e a fetichizar tudo.
3. Fragilidade: não existe mais uma fé sólida porque tudo está revestido de fragilidade em razão da debilidade dos espetáculos religiosos e da superposição de "mercadorias religiosas" propostas pelos animadores dos shows religiosos.
4. Cegueira: a atenção dos fiéis não se volta mais para a pessoa de Jesus Cristo, mas para o fanático e obsessivo pregador de bobagens.
5. Substituição: A Boa Nova é substituída por outro evangelho (Gl 1.6) e o deus pregado é o "deus do ventre" (Fl 3.19), ou seja, a glória, o orgulho, a vaidade e o exibicionismo desses animadores de cultos shows e de programas religiosos baratos e vazios.
É preciso fechar os camarins, esvaziar o palco e cerrar as cortinas desta Igreja-espetáculo no Brasil. O preço que o expectador está pagando é caro demais. Mas quem se habilita?
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