quarta-feira, 31 de outubro de 2012

“PROFETIZAR” – PROSOPOPÉIA FLÁCIDA PARA ACALENTAR BOVINOS

Entre os novos crentes abundou-se uma palavra de ordem fortemente inserida e usada na liturgia, chamada, ‘PROFETIZAR’. O tempo todo, ou pelo menos, quase o tempo todo, se ouve um comando, ora do ministro de louvor, ora do pregador, que aos berros brada: - Profetiza irmão!, profetiza sobre a sua vida, sua casa, sua empresa, sobre o Brasil, etc, etc.

De tanto ouvir isso, e não entender o que de fato, esses caras querem dizer; decidi verificar se há algum sentido coerente neste linguajar, quase mágico, entre os crentes.

Segundo o Dicionário Online de Português, PROFETIZAR, significa: “Predizer o futuro por inspiração divina. Prever, predizer por conjetura ou acaso.” Enquanto que a palavra PREDIZER, significa: “Dizer antecipadamente o que vai acontecer, seja por meio de regras certas, seja por pretensa adivinhação, seja por conjetura. Prognosticar; profetizar; vaticinar.”

Estariam os crentes predizendo o que vai acontecer no futuro por inspiração divina ou por pretensa adivinhação?

Este ensinamento acerca do ‘profetizar’, tem ganhado força através do ensino de uma doutrina chamada o poder da palavra declarada, ou profetizada, que admite a necessidade do crente em declarar e profetizar a Palavra de Deus, com base no texto de Ez 37.1-10.

Tal ensino convida os crentes a decorar textos adequados da bíblia e utilizá-los em diversas situações ‘profetizando e declarando’ a Palavra escrita à situação ou à pessoas. Isso, segundo este ensino é profetizar. É na verdade, um repetir de textos bíblicos isolados, sem nexo, sem contexto à seu bel prazer, como se o simples repetir do texto tivesse qualquer poder sobre determinadas situações ou pessoas. Para estas pessoas o que eles entendem de Palavra de Deus, chama-se Bíblia, com 66 livros, centenas de capítulos e milhares de versículos. E ao repetir estes textos, eles estão desencadeando uma força, um poder, um mover sobre pessoas e situações, como se tais textos tivesse um poder mágico. Uma espécie de “abracadabra”, de conto infantil.

Também se observa nesta prática o simples declarar, ou desejar algo de bom sobre si mesmo, família, trabalho, empresa, etc. Uma espécie de felicitações, porém revestido de um linguajar mágico-evangélico. Em muitos momentos de louvor o povo é convidado a erguer as mãos e profetizar algo de bom sobre alguém ou negócios, ou sobre a pátria e coisa parecida. Junta-se a estes dizeres o tal ‘ato profético’, que acreditam ter validade no mundo imaterial, ainda que nada de novo ou diferente seja visto no mundo dos reles mortais.

É grande a ignorância no meio evangélico, principalmente entre os que professam essa nova fé. Toda essa construção de fala repousa em um texto isolado e em um termo explorado de diversas maneiras, seja pelo pregador, seja pelos compositores e cantores gospel, e/ou pelo um sem número de ministros de louvor, que estão mais para papagaios, que pra outra coisa fora do gênero. Não acrescenta nada na liturgia senão mais um jargão proferido no meio evangélico.

O que me desespera e me afasta mais da ‘crentaiada’ é a falta de reflexão, a falta do gosto para pensar, ponderar e praticar. Tudo é despejado goela abaixo e engolido sem pensar, e consequentemente sem saborear. É um grupo ofuscado pelos holofotes e pastoreado pela prosopopéia flácida para acalentar bovinos.

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