A Teologia Relacional é uma nova perspectiva hermenêutica sobre Deus que se propõe a corrigir as pretensas distorções do teísmo clássico.
Ela é apresentada como sendo
uma proposta essencialmente prática e bíblica,
elaborada no sentido de resolver as supostas contradições resultantes da crença em um Deus
soberano em meio a uma realidade marcada
pelo sofrimento.
Os partidários da perspectiva em questão continuam
divulgando suas premissas
por meio de palestras e diversos eventos religiosos. Além do mais, com o avanço da tecnologia, os canais tradicionalmente utilizados para difusões
teóricas (livros, parlamentos, artigos acadêmicos, etc.) passaram a contar também com os fóruns de discussão on-line, tais
como homepages, blogs, e outros.
O principal articulador dessa teologia
no Brasil, o pastor da Igreja Assembléia de Deus Betesda, Ricardo Gondim Rodrigues.
A princípio, as idéias de Gondim pareciam
limitadas aos seus escritos e discursos. Curiosamente, porém, noções semelhantes começaram
a aparecer em outros setores, defendidas por líderes de diferentes segmentos
evangélicos. Bráulia Ribeiro,
missionária da JOCUM e também articulista da revista
Ultimato, esboçou sua preferência pela “limitação de Deus” para relacionar- se com seres humanos livres, mostrando-se
disposta a aceitar, inclusive, uma
redefinição da onisciência. Outro autor
que
tem expressado idéias semelhantes é o batista Darci Dusilek.
Mais recentemente, Ed René Kivitz
tem expressado sua proposta de uma
reflexão teológica feita “de baixo para cima”, na qual deve ser deixado de lado
“aquilo que Deus é em termos de sua perfeita
natureza eterna, e focar sua atenção [a do teólogo]
na maneira como Deus escolheu
revelar e se relacionar
com as pessoas na história”.
Neste caso, os olhos do teólogo devem “deixar
de lado a visão ideal e abstrata
da filosofia, e se voltar para Jesus Cristo, suas ações e palavras, que revelam o Pai”.1 Aliás, em seu post sobre
“teodicéia”, Kivitz propõe que a solução
do problema do mal se encontra no fato de se
“mudar o paradigma do pensamento que o criou”.
Assim como ocorre com o teísmo aberto nos Estados Unidos, também
aqui no Brasil a Teologia
Relacional não é defendida por um grande número
de teólogos, mas aqueles que a defendem, ou que por ela demonstram simpatia, são pessoas
articuladas e influentes. Logo, os impactos
de seus escritos e pronunciamentos no meio evangélico são consideráveis. Além do mais, o
assunto discutido por ela não é periférico, mas diz respeito
ao próprio cerne
da fé cristã.
Principais
ênfases desta teologia:
1). Ênfase na
liberdade humana em detrimento da onipotência divina.
2). A pressuposição de que a ideia da
concepção do teísmo clássico sobre Deus foi corrompida pela influência do
neoplatonismo agostiniano e o verdadeiro conceito
bíblico de Deus precisa ser resgatado.
3). A ênfase na imutabilidade de Deus o torna um Ser insensível e impassível diante dos sofrimentos humanos.
4). A assertiva
de que o relacionamento de Deus com os homens é determinado por seu amor e não por sua soberania.
5). O futuro está aberto para ser construído
por Deus e os seres humanos em um relacionamento dentro do tempo.
1 KIVITZ, O Deus esvaziado. Cf. As vontades de Deus. Disponível em: http://outraespiritualidade.
blogspot.com/2007/03/as-vontades-de-deus.html.
Acesso em: 09 abr. 2007. Em seu livro Vivendo
com propósito, Kivitz
defende que “um Deus que não se esvazia é um diabo”
e acusa parte
do “teísmo clássico” de ter sido influenciado pela perspectiva grega sobre Deus. Cf. Vivendo com propósito. São Paulo: Mundo Cristão, 2003, p. 172-175.
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