A Igreja sempre reagiu contra as chamadas “dúvidas de fé”, que na verdade nada mais é do que “dificuldades de crença”, dificuldades com nossa idéia sobre Deus. Em algum momento nossa fé vive entusiasticamente, mas outras, pelo contrário, tudo é frieza e sentimento de afastamento de Deus. João da Cruz, o místico a chamou de “noite escura”.
A crise de fé é uma oportunidade para conhecer melhor a Deus, mas na vida de alguns crentes esta crise pode ser devastadora. Vejo nesta crise uma oportunidade de purificação de nossos “deuses de bolsos”, aqueles deuses feito à nossa imagem e semelhança muito comum a todos os crentes.
O silêncio de Deus nada mais é que a morte de uma ‘imagem’ concreta de Deus. Uma imagem pobre demais, que havíamos fabricado ao longo dos anos de ‘relacionamento’ com Ele, é que agora diante de uma nova situação não funciona mais, não responde as nossas expectativas, nos defrauda.
Tal qual os discípulos de Emaús, a identidade ou a imagem que eles possuíam de Cristo já não respondia as suas expectativas, naquela tarde de domingo. Estavam em crise de fé. O coração ardia, mas os olhos não enxergavam nada mais além de um “peregrino” a mais que se juntou a eles naquela jornada.
A crise de fé revela uma oportunidade e ao mesmo tempo um perigo. Oportunidade como já disse de purificação de falsas imagens de Deus, mas perigo de rejeitar o Deus verdadeiro, confundido-o com a imagem que rejeitamos. Todavia a fé é capaz de suportar a dúvida, a mais terrível dúvida.
A oportunidade que nos proporciona a dúvida da fé permite que tiramos uma conclusão: se antes nos acusávamos de ter dúvidas de fé, hoje deveríamos procurá-la de propósito, como a única maneira de irmos passando do deus de madeira ao Deus de verdade.
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