O trabalho que se segue é apenas um pequeno degrau para aqueles que desejam ter uma breve introdução sobre esta doutrina tão temerosa em nosso meio. Quase não se menciona nem a palavra nem a doutrina da predestinação em nossas igrejas. Uns porque acham isso doutrina de Presbiterianos, e nós, afinal somos batistas; outros por entender que esta doutrina e por demais misteriosa ou controvertida, que só produzirá confusão nas mentes dos crentes. E outros porque tem preconceito, ou não desejam ler a Bíblia sobre este tema. A mim, isso me parece um grande desperdício. Não conhecer esta doutrina é não ouvir aqueles segredos que Deus conta para os mais “chegados”, não que eu seja tão ‘chegado’ e vocês a redil, nada disso. Mas me definiria neste ponto como um “esforçado”, para provar deste néctar maravilhoso das Escrituras. Espero poder contribuir ao menos para despertar algumas dúvidas em meus leitores e/ou ouvintes, e quem sabe uma boa e calorosa discussão teológica em nosso meio.
O título deste trabalho é modesto, como modesta é a apresentação: “Uma breve exposição bíblica da doutrina da predestinação”. Não aprofundo na discussão teológica, desejo apenas apresentar a Bíblia e o que ela ensina sobre o assunto. Primeiramente precisamos certificar que esta doutrina está na Bíblia, uma vez fundamentada nas Escrituras, poderemos discutí-la nos termos da teologia.
A doutrina da predestinação faz parte dos decretos de Deus. Por isso é que as vezes na Teologia a palavra “predestinação” é empregada como sinônimo da palavra geral “decreto”. Quando passamos a tratar estritamente de predestinação, continuamos tratando dos decretos, porém, passamos do geral para o particular.
(1). Definição: 1. “decreto”. Neste caso vale ressaltar que a doutrina da predestinação faz parte dos decretos de Deus. Por isso é que as vezes na Teologia a palavra “predestinação” é empregada como sinônimo da palavra geral “decreto”. Quando passamos a tratar estritamente de predestinação, continuamos tratando dos decretos, porém, passamos do geral para o particular.
2. “O propósito de Deus com respeito a todas as Suas criaturas morais”
3. “O conselho de Deus concernente aos homens decaídos, incluindo a eleição soberana de uns e a justa reprovação dos restantes”
4. “Determinar previamente as fronteiras, predestinar”
(2). A doutrina da predestinação na história: Até os dias de Agostinho a doutrina da predestinação não era um assunto considerado importante na discussão teológica.
2.1. Os primeiros pais da igreja falam dela, porém faz-nos pensar que não tinham uma concepção clara do assunto. E eles a consideram como sendo a presciência de Deus com referência aos atos dos homens, baseado no qual Deus determina o destino futuro do homem.
2.2. Pelágio, não admitia uma predestinação absoluta, mas uma predestinação condicional, baseada na presciência de Deus sobre os atos dos homens.
2.3. Agostinho, a princípio pensava na predestinação condicional, porém uma reflexão mais profunda sobre o caráter soberano de Deus levou-o a ver que a predestinação não dependia da presciência de Deus sobre os atos humanos. Contudo ensinava a dupla predestinação: para a vida e para a morte. A primeira é um ato puramente soberano de Deus, neste caso os eleitos são objetos da predestinação, ao passo que a predestinação para a morte ela é judicial e leva em conta o pecado do homem, e os reprovados são os objetos da presciência.
2.4. Os semipelagianos, embora admitindo a necessidade da graça divina para a salvação, reafirmaram a doutrina da predestinação baseada na presciência.. Silenciaram a voz dos agostinianos e passaram a dominar principalmente entre os líderes da igreja.
2.5. A Igreja Católica Romana admitia a doutrina da predestinação, porém seus mestres sustentavam que Deus queria a salvação de todos os homens, e não apenas dos eleitos. De um lado temos Tomás de Aquino movendo-se na direção do agostinianismo e Molina, seguindo em direção do semipelagianismo. Todavia, Tomás de Aquino não podia desenvolver esta doutrina livremente como fator determinativo em sua teologia.
2.6. No início Lutero e Melanchton aceitava a doutrina da predestinação, mas a convicção que Deus queria que todos os homens fossem salvos levou a enfraquecer a doutrina da predestinação na teologia luterana, passando a adotar uma predestinação condicional.
2.7. Calvino sustentou firmemente a doutrina agostiniana da predestinação, como sendo dupla e absoluta.. Dava ênfase ao fato de que o decreto concernente à entrada do pecado no mundo foi um decreto permissivo, e que o decreto de reprovação foi elaborado de maneira que Deus não seja apontado como o autor do pecado, nem responsável por este de modo nenhum. Todas as confissões reformadas (calvinistas) incorporam esta doutrina.
2.8. Os arminianos investiram contra esta doutrina, suplantando-a pela doutrina da predestinação condicional.
2.9. Schleiermacher, o pai do liberalismo, deu uma formulação inteiramente diversa para a doutrina da predestinação. A religião para ele era um sentimento de dependência absoluta da causalidade própria da ordem natural, que predeterminam todas as decisões e ações humanas, e a predestinação foi identificada com esta predeterminação feita pela natureza ou pela conexão causal que há no universo.
2.10. Na teologia moderna a doutrina da predestinação não encontra apoio real. Ela é ora rejeitada, ora alterada de tal forma que fica irreconhecível. Uns a chamam de determinismo, outros a apresenta como uma predestinação de todos os homens a se conformarem à imagem de Cristo. Para outros ela se reduz a certos privilégios ou ofícios.
2.11. Karl Barth, dirigiu sua atenção à doutrina da predestinação, mas sua elaboração está longe do pensamento de Agostinho e Calvino. Ele se faz ouvir em concordância com os reformadores no que diz respeito a soberana liberdade de Deus em sua eleição, revelação, vocação, e assim por diante. Mas não ensina a predestinação como uma predeterminada separação entre os homens, e descarta o conceito de uma eleição particular. Ele entende que o homem por ser pecador, está reprovado diante de Deus, mas por causa de Cristo ele é escolhido, ou seja do lado humano o homem é sempre reprovado, mas, visto do lado divino, é sempre eleito.
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