quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
NA MINHA CASA TEM ÁRVORE DE NATAL. E NA SUA?
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
“DEUS TEM UM PLANO” - CARTOMANCIA GERENCIAL HISTÓRICA DISFARÇADA DE FÉ
1. Se Deus tem um plano, o plano é Dele, e não meu. E se Ele tem um plano, nunca me disse qual era. Não no sentido de mapa e guia de encontros; tipo “Par Perfeito”.
2. Se Deus tem um plano, saiba: não é um roteiro de cinema, nem uma corrente de eventos revelada à priori, nem um mapa a ser seguido, nem qualquer forma de determinismo.
4. Esse tal “plano de Deus” dos crentes, não só é vício pagão, como é uma espécie de cartomancia gerencial histórica, disfarçada de fé. E nisso há tudo—insegurança, idiotice, infantilismo, ignorância, covardia, etc. — menos fé.
domingo, 14 de novembro de 2010
A “OUTRA” IGREJA POSSÍVEL
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
“DEUS ESTÁ MORTO”
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
O DIA DA MORTE
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
MERCADO RELIGIOSO – PAGANDO PARA “TER” E PAGANDO PARA “SER”
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
A TENDA: A PRESENÇA QUE SE AUSENTA E A AUSÊNCIA QUE SE FAZ PRESENTE
domingo, 17 de outubro de 2010
ENTREVISTA COM LEONARDO BOFF - OS CATÓLICOS DIVORCIARAM DO MUNDO E OS EVANGÉLICOS UTILIZARAM OS INTRUMENTOS DO MERCADO
sábado, 16 de outubro de 2010
OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A MANIPULAÇÃO DO NOME DE DEUS

quinta-feira, 14 de outubro de 2010
O BENEFÍCIO DA CRISE DE FÉ

sexta-feira, 8 de outubro de 2010
ECOLOGIA SOCIAL EM FACE DA POBREZA E DA EXCLUSÃO
Hoje se fala das muitas crises sob as quais padecemos: crise econômica, energética, social, educacional, moral, ecológica e espiritual. Se olharmos bem, verificamos que, na verdade, em todas elas se encontra a crise fundamental: a crise do tipo de civilização que criamos a partir dos últimos 400 anos. Essa crise é global porque esse tipo de civilização se difundiu ou foi imposto praticamente ao globo inteiro.
Qual é o primeiro sinal visível que caracteriza esse tipo de civilização? É que ela produz sempre pobreza e miséria de um lado e riqueza e acumulação do outro. Esse fenômeno se nota em nível mundial. Há poucos países ricos e muitos países pobres.
Nota-se principalmente no âmbito das nações: poucos estratos beneficiados com grande abundância de bens de vida (comida, meios de saúde, de moradia, de formação, de lazer) e grandes maiorias carentes do que é essencial e decente para a vida.
Mesmo nos países chamados industrializados do hemisfério norte, notamos bolsões de pobreza (terceiromundialização no primeiro mundo) como existem também setores opulentos no terceiro mundo (uma primeiromundizalização do terceiro mundo), no meio da miséria generalizada.
As críticas a seguir visam a denunciar as causas dessa situação.
Há três linhas de crítica ao modelo de civilização e de sociedade atual, como foi sobejamente apontado por notáveis analistas.
A primeira é feita pelos movimentos de libertação dos oprimidos. Ela diz: o núcleo desta sociedade não está construído sobre a vida, o bem comum, a participação e a solidariedade entre os humanos. O seu eixo estruturador está na economia de corte capitalista. Ela é um conjunto de poderes e instrumentos de criação de riqueza e aqui vem a sua característica básica mediante a depredação da natureza e a exploração dos seres humanos.
A economia é a economia do crescimento ilimitado, no tempo mais rápido possível, com o mínimo de investimento e a máxima rentabilidade. Quem conseguir se manter nessa dinâmica e obedecer a essa lógica, acumulará e será rico, mesmo à custa de um permanente processo de exploração.
Portanto, a economia orienta-se por um ideal de desenvolvimento material que melhor chamaríamos, simplesmente, de crescimento, que se coloca entre dois infinitos (...): o dos recursos naturais pressupostamente ilimitados e o do futuro indefinidamente aberto para frente.
Para este tipo de economia do crescimento, a natureza é degradada à condição de um simples conjunto de recursos naturais, ou matéria-prima, disponível aos interesses humanos particulares. Os trabalhadores são considerados como recursos humanos ou, pior ainda, material humano, em função de uma meta de produção.
Como se depreende, a visão é instrumental e mecanicista: pessoas, animais, plantas, minerais, enfim, todos os seres perdem os seus valores intrínsecos e sua autonomia relativa. São reduzidos a meros meios para um fim fixado subjetivamente pelo ser humano, que se considera o centro e o rei do universo.
Leonardo Boff (Santa Catarina, 14 de dezembro de 1938, Filosofo e Teólogo), Ética da Vida, Ed. Vozes.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
BULTMANN – O ENCONTRO DESINTERESSADO

sexta-feira, 17 de setembro de 2010
POR QUE ME TORNEI A-RELIGIOSO
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
DE VOLTA A “FOGUEIRA DA SANTA INQUISIÇÃO” - E DESTA VEZ É UM BATISTA QUE PRETENDE RISCAR O FOSFÓRO!
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
O CONFLITO ENTRE ISRAEL E PALESTINOS - ISRAEL TAMBÉM NÃO É “FLOR QUE SE CHEIRE”!
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
ESTOU FORA DA IGREJA!
2. Estou fora desta igreja que, obedecem à hierarquia, enquanto bem lhes convém, para logo depois fundarem uma igreja que melhor lhes adapte às suas convicções subjetivas. (Atualmente abre-se 14.000 igrejas por ano só no Brasil).
3. Estou fora desta igreja cujos líderes espirituais fazem do povo gado tocados ao seu bel prazer;
4. Estou fora desta igreja aonde o púlpito tem mais prazer em subjugar do que libertar;
5. Estou fora desta igreja que se transformou em sinagoga de armínio que mina a graça de Cristo;
6. Estou fora desta igreja cujos pastores que, em vez de viverem para prover espiritualmente o rebanho, vivem para serem providos materialmente pelo rebanho;
7. Estou fora desta igreja mística, materialista e pragmática;
8. Estou fora desta igreja que, faz do culto ao Senhor um produto de consumo e uma terapia de grupo bem remunerada.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
VOU DEIXAR DE SER ‘EVANGÉLICO’ PARA NÃO ME TORNAR CATÓLICO
A família do meu pai era toda católica; a da minha mãe, batista. Minha mãe se viu sufocada pelo catolicismo de meu pai até os idos de 60, quando se converteu no movimento da Renovação Espiritual. Nasci entre dois berços, o católico e o batista. Em minha adolescência me tornei batista, algo esperado uma vez que o catolicismo não era tão influente na vida de meu pai (que também se tornou batista nos anos 90). Não fui batizado, nem crismado, nem estudei o catolicismo católico.
Hoje me deleito lendo a teologia católica, alguns pais, outros medievais, uns modernos, outros progressistas. Não me prendo nas eras mais gosto deles. Ler os católicos me abriu os olhos para perceber algumas coisas em nossa igreja ‘protestante’. Eles nos chamam de ‘irmãos desviados’ e creiam, podem nos ensinar um pouco com sua história. A história também nos ensina muitas coisas, inclusive como eles estão se convertendo e nós nos desviando.
Você reparou como tem sido a pregação em muitas paróquias católicas, ou mesmo, o que pregam os padres na televisão? Fascinante! Atentou o que tem sido pregado nas catedrais evangélicas, ou nos canais de TV de nossos irmãos?
Apesar de gostar da teologia deles eu não quero me tornar católico. Já passei da idade. Não o fiz naquela época agora não me interessa mais. Mas também não quero continuar sendo ‘evangélico’... não este ‘evangélico’ que está por aí. Não posso dizer que sou esse tipo de ‘evangélico’ pois vai de encontro à consciência teológica que formaram dizendo: isso é ser evangélico e aquilo é ser católico.
Cresci dividido entre a teologia católica e a teologia evangélica. Ensinaram-me que nós estávamos certos e eles errados. Agora, tudo ou quase tudo que eles pregavam e nós refutávamos, de repente, eles silenciam e alguns fazem ecoar em nossos púlpitos.
Lembro-me de minha avó, senhora muito devota, tinha em casa os quadros e as imagens dos santos de devoção. Duas imagens se destacavam: Nossa Senhora da Penha e São Sebastião. Talvez por isso tivesse tanto Sebastião e Sebastiana em nossa família. Lá estavam o terço, o rosário, a vela e o oratório. Ela sabia todas as rezas de cor e salteado, era católica praticante.
Em nossa casa não tínhamos nenhuma imagem, nenhum santinho. Não éramos católicos. Naquela época quem era evangélico não podia e nem precisava ter estas coisas em casa. Mais hoje para ser um crente fervoroso, piedoso e devoto mesmo, é preciso ter: água benzida pelo missionário ou apóstolo tal, cajado do impossível, toalhinha consagrada, martelinho, tijolinho, espada, ramo de arruda, sal grosso, sabonete da purificação, óleo ungido de Israel, água do Rio Jordão, rosa do descarrego, chave das promessas, chave de Davi...
Ah! Que saudades da casa de minha avó! Pelo menos lá ela nos contava as proezas e os ensinos dos santos de devoção. Se a gente não recebesse graça nenhuma, pelo menos ficava o aprendizado e o deleite de uma boa história. Tudo de graça, não gastávamos um centavo se sequer. Ora, minha avó (que Deus a tenha) era tida pelos evangélicos como cega, idólatra e perdida. E estes evangélicos, quem lhes apontará o dedo em juízo e os chamará de cegos, idólatras e perdidos? Os católicos? Ah, quem dera alguém nos trouxesse de novo a luz, ao menos de uma vela. Até que isso aconteça, vou deixar de ser ‘evangélico’, porque não quero me tornar católico romano disfarçado.
sábado, 7 de agosto de 2010
DEUS COMO MODELO DE PATERNIDADE
1. Purificando nosso coração das imagens paternas oriunda de nossa história pessoal e cultural
· A purificação do coração diz respeito às imagens paternas ou maternas oriundas de nossa história pessoal e cultural e que influenciam nossa relação com Deus
· Antes de fazer nossa esta primeira invocação da Oração do Senhor, convém purificar humildemente nosso coração de certas imagens falsas a respeito "deste mundo".
· A humildade nos faz reconhecer que "ninguém conhece o Pai senão o Filho ele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11 ,27), isto e, aos pequeninos" (Mt 11,25).
2. Orar ao Pai é entrar em seu mistério, tal qual Ele é, e tal como o Filho no-lo revelou:
· A expressão "Deus Pai" nunca fora revelada a ninguém. Quando o próprio Moisés perguntou a Deus quem Ele era, ouviu outro nome.
· A nós este nome foi revelado no Filho, pois este nome novo implica o nome novo de Pai.
· Podemos invocar a Deus como "Pai", porque Ele nos foi revelado por seu Filho feito homem e porque seu Espírito no-lo faz conhecer. Aquilo que o homem não pode conceber nem as potências angélicas podem entrever, isto é, a relação pessoal do Filho com o Pai, eis que o Espírito do Filho nos faz participar nela (nessa relação pessoal), nós, que cremos que Jesus é o Cristo e (cremos) que somos nascidos de Deus.
· A primeira palavra da Oração do Senhor é uma bênção de adoração, antes de ser uma súplica. Pois a Glória de Deus é que nós o reconheçamos como "Pai", Deus verdadeiro. Rendemo-lhe graças por nos ter revelado seu Nome, por nos ter concedido crer nele e por sermos habitados por sua Presença.
02). O MODELO DA APROXIMAÇÃO CONFIANTE
1. Cristo ao nos dar esta expressão “Pai nosso” nos ensina a aproximação confiante e ousada
· Diante da sarça ardente, foi dito a Moisés: "Não te aproximes daqui; tira as sandálias" (Ex 3,5).
· Este limiar da Santidade divina só Jesus podia transpor, Ele que, "depois de ter realizado a purificação dos pecados" (Hb 1,3), nos introduz diante da Face do Pai: "Eis-me aqui com os filhos que Deus me deu" (Hb 2,13).
· Quando ousaria a fraqueza de um mortal chamar a Deus seu Pai, senão apenas quando o íntimo do homem é animado pela Força do a1to?
Nas liturgias do Oriente e do Ocidente existe uma bela expressão tipicamente cristã: "parrhesia", simplicidade sem rodeios, confiança filial, jovial segurança, audácia humilde, certeza de ser amado.
· Aos pais e filhos: Este modelo de aproximação confiante deve perdurar entre pais e filhos, de um lado o pai proporciona condição favorável para a aproximação do filho, removendo todos os possíveis obstáculos, do outro lado, o filho exercendo confiança no pai, se aproxima de coração aberto e confiante no amor paternal, na qual ele pode reclinar e descansar na certeza de que será amado a despeito de suas fraquezas.
03). O MODELO DA CONVERSÃO CONTÍNUA
1. Jesus nesta expressão nos leva a revelação de nós mesmos ao mesmo tempo que o Pai nos é revelado
a) Quanto a nós:
· Não ousavamos levantar nosso rosto ao céu,
· Baixavamos nosso olhos para a terra,
· E de repente recebemos a graça de Cristo: todos os nossos pecados nos foram perdoados.
· De servos maus tornamos bons filhos
· Por isso levantemos, pois, nossos olhos para o Pai que nos resgatou por seu Filho e dizemos: “Pai nosso...” Mas não exijas nenhum privilégio. Somente de Cristo Ele é Pai, de modo especial; para nós é Pai em comum, porque gerou somente a Ele; a nós, ao invés, Ele nos criou. Dize, portanto, também tu, pela graça: Pai Nosso, a fim de mereceres ser seu filho.
2.Este dom gratuito da adoção exige de nossa parte uma conversão contínua e uma vida nova. Orar a nosso Pai deve desenvolver em nós, duas disposições fundamentais:
a). Primeira disposição fundamental: o desejo e a vontade de assemelhar-se a Ele. Criados à sua imagem, é por graça que a semelhança nos é dada e a ela devemos responder.
· Quando chamamos a Deus de "nosso Pai", precisamos lembrar-nos de que devemos comportar-nos como filhos de Deus.
· Não podeis chamar de vosso Pai ao Deus de toda bondade, se conservais um coração cruel e desumano; pois nesse caso já não tendes mais em vós a marca da bondade do Pai celeste.
· É preciso contemplar sem cessar a beleza do Pai e com ela impregnar nossa alma.
b). Segunda disposição fundamental: um coração humilde e confiante que nos faz "retornar à condição de crianças" (Mt 18,3), porque é aos pequeninos que o Pai se revela (Mt 11,25):
· É um olhar sobre Deus tão-somente, um grande fogo de amor.
· A alma nele se dissolve e se abisma na santa dileção, e se entretém com Deus como com seu próprio Pai, bem familiarmente, com ternura de piedade toda particular.
· Nosso Pai: este nome suscita em nós, ao mesmo tempo, o amor, a afeição na oração, (...) e também a esperança de alcançar o que vamos pedir... Com efeito, o que poderia Ele recusar ao pedido de seus olhos, quando já antes lhes permitiu ser seus filhos.
· Aos pais e filhos: Deve haver uma disposição de conversão entre pais e filhos, todos desejando sempre se voltar uma para o outro, reconhecendo os erros e perdoando as ofensas.
04). MODELO DE UMA NOVA RELAÇÃO
1. Pai "Nosso" refere-se a Deus. De nossa parte, este adjetivo não exprime uma posse, mas uma relação inteiramente nova com Deus.
· Quando dizemos Pai "nosso", reconhecemos primeiramente que todas as suas promessas de amor anunciadas pelos profetas se cumprem na nova e eterna Aliança em Cristo: nós nos tornamos seu Povo e Ele é, doravante, "nosso" Deus.
· Esta relação nova é uma pertença mútua dada gratuitamente: é pelo amor e pela fidelidade que devemos responder "à graça e à verdade" que nos são dadas em Jesus Cristo.
2.Pai “Nosso” uma relação que transcende o tempo presente
· Este "nosso" exprime também a certeza de nossa esperança na última promessa de Deus; na Jerusalém nova, dirá Ele ao vencedor: "Eu serei seu Deus e ele será meu filho" (Ap 21,7).
3.Pai “Nosso” é um apelo a relação de unidade dos cristãos
· Por isso, apesar das divisões dos cristãos, a oração ao "nosso" Pai continua sendo o bem comum e um apelo urgente para todos os da comunidade dos batizados manterem-se unidos como unido está os membros da Trindade Santa.
4.Pai “Nosso” uma apelo para superarmos as nossas divisões e oposições
· Verdadeiramente ao orarmos "Nosso Pai", saímos do individualismo, pois o amor que acolhemos nos liberta (do individualismo). O "nosso" do início da Oração do Senhor, como o "nós" dos quatro últimos pedidos, não exclui ninguém. Para que seja dito em verdade, nossas divisões e oposições devem ser superadas.
· Não podemos rezar ao Pai "nosso" sem levar para junto dele todos aqueles por quem Ele entregou seu Filho bem-amado.
· O amor de Deus é sem fronteiras; nossa oração também deve sê-lo. Orar ao "nosso" Pai abre-nos para as dimensões de Seu amor manifestado no Cristo: Esta solicitude divina por todos os homens e por toda a criação deve animar a todos quantos se dizem “filhos” do “Nosso” Pai.
· Aos pais e filhos: A esperança de dias melhores, a busca da unidade na família e a superação das divisões e oposições no lares devem nortear a vida de pais e filhos, neste dia especial.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
NOVO TESTAMENTO E MITOLOGIA
1. A CONCEPÇÃO DO UNIVERSO DO NOVO TESTAMENTO É MÍTICA
1.1. O universo no NT é dividido em três andares
· No meio se encontra a terra – Lugar do natural, do cotidiano, da providência, do trabalho e também cenário da atuação de poderes sobrenaturais, de Deus e de seus anjos, de Satã e seus demônios;
· Sobre a terra o céu – Morada de Deus e das figuras celestiais, os anjos;
· Abaixo da terra o mundo inferior – O mundo inferior é o inferno, lugar de tormento.
1.2. A crença de que poderes sobrenaturais interferem nos acontecimentos naturais
· Poderes sobrenaturais interferem no pensar, querer e agir do ser humano;
· Milagres não são raro;
· O ser humano não tem poder sobre si mesmo;
· Demônios podem possuí-lo, Satã pode lhe incutir pensamentos malignos;
· Deus pode dirigir seu pensar e querer pode fazê-lo ter visões celestiais, fazê-lo ouvir sua palavra imperativa e consoladora, pode presentear-lhe a força sobrenatural do seu Espírito;
· A história não percorre seu caminho por suas próprias leis, mas obtém seu movimento e direção dos poderes sobrenaturais;
· O presente século encontra-se sob o poder de Satã, do pecado e da morte;
· Este século se encaminha rapidamente para o seu fim que ocorrerá numa catástrofe cósmica, trazendo o tempo final, a vinda do juiz celestial, a ressurreição dos mortos, o julgamento para a salvação ou perdição.
1.3. A proclamação emprega linguagem mitológica
· Na plenitude do tempo Deus enviou seu Filho;
· Seu Filho, um ser divino preexistente, aparece na terra como um ser humano;
· Sua morte na cruz, a qual ele sofre como um pecador propicia expiação para os pecados dos seres humanos;
· Sua ressurreição é o começo da catástrofe cósmica através da qual será aniquilada a morte, trazida ao mundo por Adão;
· O ressurreto foi levado ao céu, à direita de Deus, ele foi transformado em “Senhor” e “Rei”;
· Retornará sobre as nuvens do céu para consumar sua obra salvadora, quando ocorrerá a ressurreição dos mortos e o juízo, onde todo pecado e todo sofrimento será finalmente aniquilado;
· Tudo isso acontecerá em breve; Paulo é de opinião que ainda experimentaria pessoalmente este evento;
· O fiel está ligado a comunidade de Cristo pelo batismo e pela ceia do Senhor, e pode estar seguro de sua ressurreição para a salvação, se não se comportar de maneira indigna;
· Os crentes já possuem o “penhor”, a saber, o Espírito Santo, que age neles e testifica sua filiação de Deus e garante sua ressurreição.
2. A IMPOSSIBILIDADE DO RESTABELECIMENTO DA CONCEPÇÃO MÍTICA DO UNIVERSO DO NOVO TESTAMENTO
2.1. O Novo Testamento como linguagem mitológica
· Sendo uma linguagem mitológica, ela é inverossímil para o homem de hoje, pois para ele a concepção mítica é algo passado;
· A verdade proclamada no NT é verdadeira independente da concepção mítica do universo, a tarefa da teologia é demitologizar a proclamação cristã;
· A tarefa da teologia é portanto tornar esta verdade aceitável ao pensamento do homem moderno. Exigir do homem moderno uma aceitação cega da concepção mítica do universo, depois que o nosso pensamento foi moldado pela ciência, é no mínimo arbitrário.
· Não podemos afirmar uma fé numa concepção de universo que, no demais de nossa vida, negamos.
2.2. Conhecimentos atuais e confissões antigas do universo mítico do NT
· Qual o sentido de confessar hoje “desceu ao inferno” ou “subiu ao céu” já que não compartilhamos mais da idéia do universo em três patamares;
· Não partilhamos da idéia de um Deus morando no céu, ou de almas penadas morando no inferno, no sentido da idéia antiga do NT;
· Através do conhecimento das forças e leis da natureza, os astros, deixaram de ser seres demoníacos, que escravizam os seres humanos em seu serviço, e passaram a ser apenas corpos do universo, cuja influência sobre a nossa vida é apenas de ordem natural e não conseqüência de sua maldade;
· Enfermidades e suas curas tem suas causas naturais e não são devidas à ação de demônios ou à sua expulsão;
· A escatologia mítica está eliminada, fundamentalmente pelo simples fato de que a parúsia de Cristo não ocorreu muito em breve, como o NT aguardava. Ao contrário, a história da mundial continuou e continuará. O mundo poderá vir ao fim como uma catástrofe natural e não como um acontecimento mítico;
· O ser humano se compreende não dicotomizada (corpo e alma), nem tricotomizado (corpo, alma e espírito), mas como um ser unitário, que atribui a si mesmo seu sentir, seu pensar e seu querer. Ele atribui a si mesmo a unidade interior de seus estados e de suas ações;
· O ser humano que se compreende só biologicamente não admite que algo sobrenatural, como poderes divinos ou demoníacos podem penetrar na configuração fechada das forças naturais e nele atuar, ao ser humano que se presume tal intervenção, designa-se esquizofrênico;
· Também não entende como uma refeição (Ceia do Senhor) possa transmitir força espiritual ou a participação indigna nesta refeição possa acarretar doença física e morte;
· O naturalista e o idealista não podem entender a morte como castigo pelo pecado; para eles trata-se de um processo natural e simples. O ser humano está à preso a natureza; é gerado, cresce e morre. Neste caso a morte não é castigo por seu pecado, pois de antemão, já antes de ser culpado, estava sujeito à morte. A idéia de pecado hereditário como uma enfermidade que se alastra com força natural, devido a culpa de seu ancestral, é um conceito submoral e impossível, pois só conhece a culpa como ação responsável;
· A doutrina da satisfação vicária através da morte de Cristo, também não é inteligível para o homem moderno, por se tratar de um conceito mítico, algumas questões são aqui levantadas:
1. Que mitologia primitiva é essa que pretende que um ser divino feito ser humano expie através de seu sangue os pecados dos seres humanos!
2. Se a morte de Cristo efetuou uma transação jurídica entre Deus e o ser humano, então o pecado só poderia ser entendido juridicamente como infração exterior do mandamento, e os critérios éticos estariam excluídos!
3. Se Cristo, que sofreu a morte, era o Filho de Deus, o ser preexistente, que significava para ele o assumir a morte? Quem já sabe que vai ressuscitar ao terceiro dia, a esse o morrer evidentemente não afeta muito!
4. A idéia de uma ressurreição corpórea nada diz par o homem atual, visto que a morte para ele é um acontecimento natural, se Deus cria vida a partir de tal expediente, essa mensagem é praticamente nula para nossa existência. A ação de Deus só tem sentido num acontecimento que intervenha na realidade existencial autêntica, transformando-a aqui e agora.
03). NOSSA TAREFA
3.1. Clareza e sinceridade absoluta – O pregador deve a sua comunidade, bem como àqueles a quem deseja atrair para a sua comunidade, clareza e sinceridade absolutas. A pregação não deve deixar os ouvintes em dúvida quanto ao que propriamente deve ser verdadeiro ou não. Se quisermos manter a validade da proclamação do NT, só nos resta o caminho da demitologização.
3.2. A essência do mito – O sentido do mito não é proporcionar uma concepção objetiva do universo, por isso o mito não deve ser interpretado cosmologicamente, mas antropologicamente – melhor: de modo existencialista. O mito fala do poder ou dos poderes que o ser humano supõe experimentar como fundamento e limite de seu mundo, seu próprio agir e seu sofrer. Mas ao falar desses poderes ele os inclui o círculo do mundo conhecido, forças, coisas, afetos, motivos e possibilidades. Assim do não-mundano fala mundanamente, dos deuses humanamente. Por isso a mitologia do NT não deve ser explicada objetivamente, mas quanto à compreensão da existência que se expressa nestas concepções. Devemos buscar a verdade do mito, não a historicidade deste mito.
sábado, 10 de julho de 2010
POR QUE DEUS NOS ABANDONA?
Anos atrás eu tinha ou achava que tinha respostas para todas as perguntas. Tudo era simples, era só abrir a Bíblia ou citar um versículo, e pronto.
Hoje não tenho tantas certezas, mas dúvidas, perguntas e algo mais. Estas dúvidas e perguntas me são benéficas. Com elas leio as Palavras de Cristo, e procuro respostas nela.
Uma das minhas dúvidas é: Por Deus no abandona?
Todos os crentes são unânimes em responder: Deus jamais nos abandona!
Não é isso que ouvimos de Cristo em suas últimas palavras da cruz. Mateus escreveu: “Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (27.45,46)
Toda religião é um esforço de auto-salvação e fuga do sofrimento. O ser humano busca confiar, acreditar, ter fé em algo [nós chamamos este “algo” de Deus], procura escutar, obedecer, submeter-se e sujeitar a esta divindade, com o objetivo de ser salvo, ser resgatado do perigo ou destruição, ser poupado de sofrer, ser preservado do perigo e da destruição. E inevitavelmente, este ‘Filho de Deus’, na pregação dos religiosos, jamais poderá ou será abandonado por seu Deus. Afinal, ele confiou em Deus, declarou ser filho de Deus, e Deus se ver na obrigação de salvá-lo e poupá-lo do sofrimento. (Mt 27.43)
Quando o filho de Deus se vê submetido ao calvário, em meio a escuridão, o desprezo e o escárnio de todos, surge a expectativa dos ‘irmãos’ e do próprio ‘filho’ se Deus lhe quer bem. E a prova deste comprazer de Deus pelo seu ‘filho’ é, se ele o livrar do sofrimento. “Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus.”
Essa foi a manifestação dos religiosos, e esta também foi a espera indignada daquele ladrão. Porque na mentalidade dos líderes judeus e daquele condenado, aquele que havia sido declarado o Filho de Deus não poderia deixar de resgatar a si mesmo da destruição. Suas concepções eram que o “Filho de Deus” teria que ser:
· Resgatado do perigo e da destruição;
· Poupado do sofrimento;
· Preservado dos males da vida, dentre eles a morte.
O que se prega entre os evangélicos não é nada diferente. Alias esta tem sido o tom da batuta dos regentes da orquestra dos novos evangélicos. “Pare de sofrer!” “Desça da cruz e creremos” e saberemos que tu és um dos nossos.
Eu estou tentado a dizer que Deus pode sim abandonar seu Filho em meio as trevas, dores e gemidos, apesar de seu clamor em “alta voz” (Mt 27.45,46).
Antes de Jesus sentir-se abandonado houve 3 horas de trevas – O filho de Deus passa por constantes trevas, escuridão que muitas das vezes deixa-o sem direção.
Neste ambiente de escuridão, dor e sofrimento nós sentimos impelidos a orar como Jesus e fazer a pergunta: “Por que me abandonaste?”
A palavra “desamparaste” [egkataleipo], é muito forte e significa:
1) abandonar, desertar;
2) deixar em grandes dificuldades, deixar abandonado;
3) totalmente abandonado, completamente desamparado;
Essa foi a sensação que Cristo teve neste momento. Deus o havia abandonado, deixado-o em grande dificuldade, completamente abandonado. Todo filho de Deus passa pela experiência do abandono.
O Deus revelado por Cristo não protege os homens do perigo no “seio materno”, pelo contrário, Ele é capaz de abandonar seu Filho.
Como podemos ler e pregar um Evangelho deste, num ambiente triunfalista, onde o ser humano faz de tudo para evitar o sofrimento, a dor, a perda, o abandono?
O Evangelho é uma resposta a crise do seu humano. É uma resposta a dor, a tribulação, a agonia, a perda, a morte. E esta resposta não é: “Pare de sofrer”! Mas “como” sofrer!
Sim. Como sofrer sem deixar de ser Filho de Deus. Como sentir-se abandonado “sem Deus” no mundo, entretanto ter a certeza de que está na “presença” de Deus. Ter a certeza que ainda que tu me “abandonaste”, ainda sou seu Filho, ainda está se cumprindo em mim a “vontade daquele que me enviou” (Jo 4.35).
Salvação nem sempre é proteção do mal, das dores, do sofrimento humano. Salvação tem o suplício da cruz, diferente daqueles que pregam o Evangelho “da sombra e água fresca”.
Aprendemos com o abandono de Cristo que a ação de Deus nem sempre é para nos tirar do sofrimento, mas para nos fortalecer na hora da dor [às vezes, ele deixa o filho desfalecer também].
Deus permite sim que seu filho seja abandonado por um certo tempo de sua vida. Deus permite sim que seu filho desça a cova, um lugar tipo “fim de linha”, para trazer um amanhecer ressuscitador, e fazer com que os mesmos que te viram descer a cova possam dizer “Ele ressuscitou” (Mt 28.6,7)
O calvário, a escuridão, o abandono, o túmulo é uma realidade na vida do filho de Deus, mas de igual modo é real a ressurreição, a vitória e o acolhimento nos braços do Pai.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
O ESCANDÂLO DE ASAFE
“Porque não há apertos na sua morte, mas firme está a sua força. Não se acham em trabalhos como outros homens, nem são afligidos como outros homens. Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como de adorno. Os olhos deles estão inchados de gordura; eles têm mais do que o coração podia desejar. São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente. Põem as suas bocas contra os céus, e as suas línguas andam pela terra. Por isso o povo dele volta aqui, e águas de copo cheio se lhes espremem. E eles dizem: Como o sabe Deus? Há conhecimento no Altíssimo? Eis que estes são ímpios, e prosperam no mundo; aumentam em riquezas.” (Sl 73.4-12)
ASAFE – LOMBO DE JUSTO É PRA AÇOITE!
“Na verdade que em vão tenho purificado o meu coração; e lavei as minhas mãos na inocência. Pois todo o dia tenho sido afligido, e castigado cada manhã. Se eu dissesse: Falarei assim; eis que ofenderia a geração de teus filhos. Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso... Assim o meu coração se azedou, e sinto picadas nos meus rins. Assim me embruteci, e nada sabia; fiquei como um animal perante ti.
(Sl 73.13-16, 21,22)
ASAFE – ENTENDER O FIM DOS ÍMPIOS ANTES DO FIM
“Até que entrei no santuário de Deus; então entendi eu o fim deles. Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição. Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores. Como um sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles.” (Sl 73.17-20)
ASAFE – DEUS POR DEUS E NADA MAIS ALÉM DE DEUS
“Quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti. A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre. Todavia estou de contínuo contigo; tu me sustentaste pela minha mão direita. Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor DEUS, para anunciar todas as tuas obras. Guiar-me-ás com o teu conselho, e depois me receberás na glória.”
(Sl 73. 25, 23, 28,24)
Assim como Asafe também estou escandalizado pela prosperidade dos ímpios e pelo sofrimento dos justos. Mas também consigo ler em Asafe que relacionamento com Deus está além da prosperidade terrena. A paz da amizade divina que nunca decepciona é a proposta de Asafe. Para alguns isso é tudo, para outros é escândalo.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
DEUS – UMA “HIPÓTESE” DESNECESSÁRIA
Um recente estudo sociológico nos permitiu saber que, as romarias a santuários que se especializavam em doenças hoje controláveis pela medicina viram diminuir o número de seus devotos, enquanto aqueles cujas enfermidades ainda não foram controladas pela medicina, continuam atraindo verdadeiras multidões de romeiros.
A religião primitiva nos dá conta que, para suprir suas carências, o homem sempre precisou lançar mão de um deus grande.
Todas as vezes que esses homens não entendem ou não conseguem fazer algo, eles levantam os olhos para o seu deus.
Freud diz que aos deuses foram atribuídas uma tríplice função para com o homem:
1. Espantar os terrores da natureza;
2. Conciliar o homem com a crueldade do destino;
3. Compensá-lo pelas dores e privações que a vida civilizada em comum lhe impõe.
O homem sempre usou Deus como um tapa-buraco de seu conhecimento imperfeito. Essa idéia de Deus está exatamente naquilo que ignoramos e não naquilo que conhecemos. Deus existe aonde o homem não é. Deus é grande aonde o homem é pequeno. Deus é tudo aonde o homem nada é.
Este conceito de Deus tem enfurecido os humanistas e com razão. Pois esse não é o conceito de Deus revelado em Cristo. O Deus revelado por Cristo não protege os homens do perigo no “seio materno”, pelo contrário Ele é capaz de abandonar seu Filho.
Não podemos continuar pregando o Evangelho com sinceridade sem reconhecer que temos que viver neste mundo “sem” Deus, porém “diante” de Deus. Deus em algum momento de nossa vida nos deixará ir ao “calvário” e lá nos abandonará, nos deixará sozinho, mesmo diante de nossos rogos incessantes. Ele simplesmente não veio. Ele simplesmente não está.
Deus, essa “hipótese” poderosa que intervêem sempre a favor de seus filhos, fazendo sempre o que eles desejam e dando a eles sempre o melhor desta terra, é desnecessária para aqueles que teve acesso à maturidade e reconheceu a sua real situação perante Deus – sem Deus no mundo, porém diante de Deus na mente.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
OS MILAGRES DE ESCULÁPIO NA VERSÃO DOS ‘NOVOS’ EVANGÉLICOS
Quantos templos dedicado a Esculápio temos hoje? Centenas, se não milhares. E por que? Talvez existam muitos homens dispostos a se deixar levar pela malandragem de Esculápio ainda hoje. Seria hilariante, senão fosse trágico. Mas esta é a real situação em muitos templos “esculapistas” e golpistas. Esculápio é capaz de fazer seu fiel voltar ao templo e exigir uma explicação. E ele certamente terá uma resposta pronto para continuar enganando seu seguidor. Quem mandou pedir uma gravidez e não um parto? Azar o dela. Não soube orar direito, penou. Na tradução livre de hoje seria, não teve fé não alcançou a bênção completa.
O Esculápio não era só um malandro enganador, mais também um deus que visava o lucro, seus milagres tinham além da diversão o poder de arrecadar ‘fundos’, lucros. Na quarta inscrição desse templo está escrito como o próprio Esculápio fixou os honorários que devia receber por satisfazer os desejos de seus “clientes”.
Parece que nossas ruas estão cheias destes templos e estas inscrições se repetem nas mais criativas inscrições. Agora Esculápio tem, não uma tabuleta de inscrição, mas a mídia toda à seu serviço. Esculápio fixou honorários, atualmente a ‘taxa’ é a mesma se não mais alta, porém a nomenclatura é mais criativa, mais afinada com a ‘espiritualidade’ dos novos clientes.
Mas Esculápio não para por aí. Ele também opera milagres tipo ‘punitivo’. O cliente que porventura não pagasse diligentemente o serviço era punido. Mas aqueles clientes que desconfiasse dos milagres de Esculápio, (tipo eu estou fazendo agora), também eram punido.
A versão evangélica de Esculápio hoje, reza na mesma cartilha desde velho e conhecido deus. Se você receber a bênção pela metade é porque não soube pedir, não falou a palavra certa, não determinou para que aquilo acontecesse. Teve fé para “engravidar”, mas não teve fé para “parir”. E tem tanta gente ‘grávida pela fé’, com 2, 3, 5, 10, 20 anos e ainda não pariram. Vão lá e pergunte para Esculápio, ele responde.
Ainda mais, esta versão de Esculápio, tem um honorário caríssimo. É caro demais o serviço religioso prestado pela sua cúpula. E a cada dia Esculápio inventa novos honorários, em nome das novas revelações dos textos bíblicos (preferencialmente o AT), que o povo não lê e se lê não entende nada mesmo, ficando fácil cobrar e instituir os honorários esculapistas.
E a punição? Terrível. Não se pode deixar de pagar, nem desconfiar que Esculápio está nos enganando ou cobrando muito caro pela satisfação de nossos desejos. Esculápio é muito sério e responsável com seus ‘negócios’. O cliente não pagou, ou não creu, ou ficou escrevendo coisas contra ele no blog. Cuidado, isso pode ser perigoso.
Que me perdoe Esculápio e seus discípulos, são todos um bando de... (melhor não completar, vai que tem alguém dele lendo).
quinta-feira, 3 de junho de 2010
“FAÇA-SE A TUA VONTADE” – FÉ NA VONTADE DE DEUS OU DESCULPA DOS FRACASSADOS?
Estava pensando nesta fala tão usual no meio cristão e tentando entender o que se passa na cabeça ou quem sabe no coração daqueles que a repetem tão credulamente. Estaria eles se lançando inteiramente no grande Decreto de Deus, que tudo cria, governa, e sustenta com seu poder providencial, a ponto de nem uma “folha sequer cair sem sua permissão” ou estão usando o termo bíblico para justificar seus fracassos na vida?
Acredito que na maioria dos casos usamos “foi da vontade de Deus” ou, “não foi da vontade de Deus” para justificarmos biblicamente nosso sucesso ou nosso fracasso. Da mesma maneira aquele santo sacro ditado “entreguei nas mãos de Deus” me soa na maioria das vezes como “dane-se”, “desisto”!
E pra enlouquecer mais ainda vêem aqueles novos pregadores que confirmam o sucesso com a demonstração pública e terrena da fidelidade a Deus [a vontade de Deus se cumpriu], ou atestam o fracasso como obra do “inimigo” [a vontade de Deus não se cumpriu].
Desde que o homem é homem e Deus é Deus o ser humano vive entre o sucesso e o fracasso. As dores e perdas da vida foram justificados pelo mito da Queda. O sucesso foi justificado pelo mito do sacrifício. Foi o medo, diz George Santayana, que primeiro criou os deuses. A fé no sobrenatural é uma aposta desesperada feito pelo homem na mais baixa maré de sua fortuna. O primeiro sentimento com que o homem confronta na realidade é certa animosidade, que se torna cruel para com os fracos e temor e bajulação diante dos poderosos. Basta observar os motivos que a religião atribui a divindade. Receber o melhor bocado, ser lembrado, ser elogiado, ser obedecido cega e pontualmente – tem sido considerados pontos de honra com os deuses, em troca dos quais eles concederiam favores e dariam castigos na mais exorbitante das escalas.
No Cristo, e por sua vontade humana, a Vontade do Pai foi realizada completa e perfeitamente e uma vez por todas. Jesus disse ao entrar neste mundo: "Eis-me aqui, eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade" (Hb 10.7). Só Jesus pode dizer: "Faço sempre o que lhe agrada" (Jo 8.29). Na oração de sua agonia, ele consente totalmente com esta vontade: "Não a minha vontade mas a tua seja feita!" (Lc 22.42). É por isso que Jesus "se entregou a si mesmo por nossos pecados, segundo a vontade de Deus" (Gl 1.4). "Graças a esta vontade é que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo" (HB 10.10).
Jesus, "embora fosse Filho, aprendeu, contudo, a obediência pelo sofrimento" (Hb 5.8). Com maior razão, nós, criaturas e pecadores, que nos tornamos nele filhos adotivos, pedimos ao nosso Pai que una nossa vontade à de seu Filho para realizar sua Vontade, seu plano de salvação para a vida do mundo. Somos radicalmente incapazes de fazê-lo; mas, unidos a Jesus e com a força de seu Espírito Santo, podemos entregar-lhe nossa vontade e decidir-nos a escolher o que seu Filho sempre escolheu: fazer o que agrada ao Pai.
Assim entedemos que viver na vontade de Deus está acima de nossa “vidinha mundana”, tipo “ir a cidade”, “comprar alimentos”, preservar nossos preconceitos culturais, raciais e religiosos (Jo 4.8,27,30-34), é mais que um costume, é uma entrega, é um estilo de vida.
Assim não é justificação nem para ter, nem para não ter. É uma declaração de Ser.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
O PODER DE ATAR E DESATAR – A INOVAÇÃO ROMANISTA ENTRE OS NOVOS EVANGÉLICOS
Texto tais como João 20.23; Tiago 5.16; Mateus 16.19, são citados para provar tal prática. A doutrina do atar e desatar ou redimir e reter o perdão historicamente está dentro do catolicismo romano. Como o novo evangélico vem suscitando várias práticas pagãs que foram cristianizadas pelo catolicismo romano, não são de se admirar que esta seja uma delas.
O catolicismo romano mantém que o pecador está obrigado a revelar suas ofensas aos pastores da sua Igreja, ou, melhor, a um delegado e autorizado pela Igreja com esse propósito; a manifestar diante dele todos os pecados secretos de sua alma, a expor todas as feridas, e em virtude da autoridade dada por nosso Salvador a ele, a receber de suas mãos, sobre a terra, a sentença do perdão de Deus, que é ratificada no céu. Cristo também deu a Igreja o poder de reter os pecados, ou seja, de reter o perdão ou de retardá-lo até um tempo mais oportuno.
Este é o escopo da doutrina romanista sobre o poder de atar e desatar. É basicamente isso que se propõem os novos evangélicos com esta doutrina.
Quem nunca presenciou alguns pecadores confessando seus pecados à “diretoria” ou pedindo perdão em público?
A nova leva de líderes e mentores espirituais está reivindicando esse novo poder sobre seus fiéis. Eles também assumem a hermenêutica romana quanto ensina a necessidade da confissão aos homens, ou a igreja, e quando mentem ao dizerem que a falta desta confissão retém o perdão de Deus sobre o penitente e oprimem ao dizerem que tal falta abre “brechas” a satanás para agirem sobre as suas vidas.
No templo dos novos evangélicos não tem [ainda] o confessionário, mas o que se faz no confessionário romanista, se faz nos gabinetes pastorais, ou em lugares de reuniões especialmente programada para tal fim.
O que observamos nestes textos é que todo o poder que se concede aos apóstolos (Jo 20.23) é concedido em Mateus 18.18 a todos os cristãos, ou pelo menos, a toda a agremiação de cristãos que constitua uma igreja (v. 15-18). Portanto, esse poder de atar e desatar, qualquer que fosse seu significado, não foi dado exclusivamente aos apóstolos e os seus sucessores, mas também a igreja.
A segunda coisa que se observa nestas passagens é que o poder da Igreja ou dos pastores em atar e desatar, ou remitir ou reter os pecados era simplesmente declarativo. Os apóstolos declaravam as condições para a salvação e a regra de vida prescrita no evangelho e anunciavam a promessa de Deus de que sob tais condições ele perdoaria os pecados aos homens.
Portanto, uma criança pode redimir os pecados com tanta eficácia como o papa, o bispo, os pastores, os “apóstolos”, a diretoria, o conselho, ou a Igreja; porque nem uma nem ou outro pode fazer outra coisa senão declarar as condições do perdão.
Nenhuma pessoa tem mais poder que outra para perdoar pecados. O perdão dos pecados é prerrogativa exclusiva de Deus.